Artrose e os benefícios do uso de muletas
Muleta pode reduzir a progressão da artrose
Artrose, osteoartrite, doença articular degenerativa. É com esses nomes que essa doença é conhecida. A artrose é tão comum que chega a representar de 30% a 40% das consultas em ambulatórios de reumatologia, segundo a Sociedade Brasileira de Reumatologia.
Quem sofre com o problema, sabe: ela pode atacar qualquer junta do corpo, embora seja mais frequente nos joelhos, quadril, dedão do pé, dedos da mãos e pescoço. Qualquer articulação (junta) do corpo possui um material chamado cartilagem cobrindo a ponta de cada osso. Por ser flexível, a cartilagem proporciona uma superfície deslizante para o movimento da articulação. A artrose é caracterizada pelo rompimento dessa cartilagem. Além de dor e inchaço, a pessoa passa a ter problema para movimentar a articulação afetada.
Incurável, a artrose é extremamente debilitante e limitante, sendo em grande parte responsável pela perda de mobilidade em idosos. Embora ela possa ocorrer em qualquer idade, é mais comum em pessoas acima de 65 anos. Só para que se tenha uma ideia, ela é responsável por mais de 7% dos pedidos de afastamento de trabalho e por 6% dos pedidos de aposentadoria. Dados da Organização Mundial da Saúde dão conta que aproximadamente 10 milhões de brasileiros convivem com artrose no joelho.
Um estudo feito pela Universidade de Melbourne, na Austrália, e publicado na revista médica Arthritis Care & Research, revelou que o uso de muletas pode ajudar a reduzir a progressão da doença. O que se sabe é que caminhar gera uma pressão sobre as articulações do joelho, por isso, pessoas que sofrem de artrose são orientadas a usar sapatos bem confortáveis, a fim de reduzir essa força sobre os joelhos.
O que os pesquisadores descobriram é que o uso de uma muleta na mão oposta à do joelho afetado reduz em 10% essa pressão – ou momento adutor, num termo mais técnico. Em alguns dos voluntários do estudo – todos com idade média de 65 anos - foi verificada uma redução de mais de 20% nessa pressão sobre o joelho quando eles usaram uma muleta.
Embora o caminhar seja mais lento com a muleta, a passada torna-se mais longa, além de haver um maior controle da estabilidade do quadril. Juntos, eles conseguem reduzir a sobrecarga na articulação do joelho com artrose.
Uma outra pesquisa, essa feita pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), chegou à conclusões parecidas. Segundo Jamil Natour, coordenador do estudo, o uso da bengala por pelo menos um mês seguido foi capaz de diminuir entre 20% e 30% o uso de remédios para dor.