Coronavírus o que significa o isolamento para os idosos e como lidar com ele
Por Suprevida
Talvez seja em momentos como esse da pandemia pelo novo coronavírus que muita gente se dê conta de seus parentes e entes queridos idosos e como é importante protegê-los.
Todos os dados acumulados pelos cientistas que estudam o Sars-Cov-2 no mundo todo apontam que as chances de morrer de COVID-19 variam de acordo com a idade. As taxas de mortalidade chegam a ultrapassar 20% entre pessoas acima de 80 anos.
Por isso, os cuidados com a prevenção entre pessoas acima de 60 anos devem ser redobrados. Só que existe uma grande ironia nessa história. Para impedir que o vírus se dissemine, as recomendações são de isolamento social. Para os idosos, isso tem um custo muito mais alto do que para a maioria de nós. Distanciamento das pessoas pode inclusive impactar a saúde deles.
Várias pesquisas mostram que o isolamento social no caso dos idosos tem grande impacto no corpo e na cabeça. Está ligado a pressão arterial mais alta, ansiedade, obesidade, sistema imunológico mais fraco, depressão e até perda das capacidades cognitivas.
Especialistas acreditam que o distanciamento social deverá afetar ainda mais os idosos cujo único contato social é fora de casa, como nas clínicas de repouso e locais de culto, e aqueles que vivem sozinhos ou com um cuidador.
E são muitos os idosos vivendo sozinhos. Para que se tenha uma ideia, atualmente existem 1,7 milhão de idosos no Município de São Paulo, o que corresponde a 15% da população paulistana, de acordo com a Prefeitura de São Paulo.
Imagine pessoas que se encontram inesperadamente sozinhas devido à morte de um cônjuge ou companheiro (a), aposentadoria ou perda de mobilidade. O que fazer nesse momento que exige de todos nós extrema responsabilidade?
Casas de repouso
As clínicas de repouso, classificadas como Instituições de Longa Permanência para Idosos, passaram a restringir várias atividades e a implementar uma série de outras novas, dada a recomendação Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG).
Só no Estado de São Paulo, são mais de 1.500 Instituições de Longa Permanência, com capacidade para atender aproximadamente 40 mil idosos.
Entre as medidas, está a interrupção de visitas por tempo indeterminado, justamente a que gera maior impacto no dia a dia dos idosos. Também foi determinado que idosos que vivem nessas instituições não se cumprimentem mais com beijos e abraços.
Além disso, as medidas preventivas foram redobradas. “Resolvemos ser radicais com as medidas de prevenção para não repetir o exemplo dos italianos, que agora estão sofrendo para controlar a epidemia. Temos de travar a entrada do coronavírus nos espaços destinados aos idosos a qualquer custo”, disse médica Joyce Duarte Caseiro, uma das fundadoras da rede particular Terça da Serra, que tem 30 unidades espalhadas pelo país, ao El País Brasil.
Idosos ativos resistem a isolamento
As redes sociais estão cheias de histórias de filhos desesperados porque seus pais idosos que ainda são bem ativos se recusam a ficar em casa por causa da crise sanitária. “Como eles não se identificam com a velhice frágil, não acreditam que vá acontecer algo com eles”, diz a médica geriatra Karla Giacomin, consultora da Organização Mundial da Saúde para políticas públicas sobre o envelhecimento ao G1.
A aflição desses filhos é tão grande que muitos deles têm compartilhado memes nas redes sociais brincando com seus pais, dizendo coisas do tipo “vou te buscar de chinelo na mão”. Claro, são brincadeiras, mas elas expõem um pouco o drama.
A psicóloga e especialista em gerontologia Eloisa Adler reforçou ao G1 a importância de não se discutir com idoso, mas sim, de valorizar a importância da solidariedade e empatia ao próximo e da necessidade de cada um fazer o seu papel para ajudar a conter a propagação do vírus.
O que fazer, então?
Para idosos que moram sozinhos, é fundamental ter uma boa provisão de alimentos e remédios. Muitos aplicativos de delivery estão estimulando as pessoas cadastradas a fazerem compras para seus avós ou pais e pediram entrega na residência deles.
Boa parte dos idosos tinha uma rotina que lhe trazia conforto. Agora, é importante construir uma nova, ainda que com a ajuda dos filhos e dos netos, inserindo várias atividades de pelo menos 1 hora de duração para que eles sintam que o tempo passou mais rapidamente.
Eis alguns exemplos:
- Museu do Prado – O museu espanhol permite explorar a coleção. Está em espanhol, mas é uma boa oportunidade de conhecer a fundo pinturas e afrescos, pois há uma ficha técnica. O legal é que ao clicar sobre o quadro, muitas obras ainda oferecem um vídeo comentado sobre a obra.
- MASP – Um dos mais famosos museus do Brasil, o MASP também oferece uma experiência parecida ao do Prado. Há 4 exposições on-line para visitar, com ficha técnica de cada uma das obras.
- Google Arts & Culture – Dá para ficar dias na plataforma de cultura do Google. Há mais de 9 mil lugares de todo o mundo! Dá para visitar o Taj Mahal em uma experiência 360 graus e até entrar dentro dele. Está em inglês, mas vale ver vídeos de lugares incríveis, como o da Caverna de Chauvet, patrimônio da humanidade, com suas pinturas ruprestres.
- Vida Melhor e no Grupo de Estudo e Pesquisa em Exercício Físico, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Já o aplicativo Easy Idoso oferece várias atividades físicas, além de sugerir casas de repouso, associações para a terceira idade e muito mais. Bastam 30 minutos por dia, que podem ser divididos em 15 minutos de manhã e 15 minutos de tarde.
- "Exercitar o cérebro por meio de cruzadinhas, por exemplo, pode ajudar a criar uma 'poupança' de neurônios e conexões neuronais. Assim, danos causados pelo envelhecimento podem ser amenizados", disse Fabio Porto, neurologista comportamental do Hospital das Clínicas de São Paulo, ao UOL.
Como os idosos hoje estão bastante conectados, dá para baixar aplicativos de jogos, como o Sudoku, Quento e Caça Palavras.
Muitas clínicas de repouso inclusive estão flexibilizando horários para que quem mora lá possa fazer chamadas de telefone ou celular para filhos e netos. A Terça da Serra, por exemplo, tem organizado chamadas de vídeo em grupo entre os parentes “A princípio, achamos que os familiares teriam resistência”, conta Joyce Caseiro ao El País Brasil. “Mas eles entenderam a gravidade da situação e estão colaborando da melhor forma possível”, disse ela.