COVID-19 Infecção e mortalidade em crianças, animais e idosos
Por Dr. Anthony Wong
Médico Toxicologista Clínico, CRM 19079
Depois de praticamente 5 meses convivendo com o coronavirus, nós aprendemos algumas coisas. Embora ainda tenham muitas coisas que nós ainda não conhecemos e acabamos nos surpreendendo o tempo todo sobre algumas coisas diferentes. Mas algumas coisas continuam as mesmas principalmente em crianças.
As crianças continuam sendo a faixa etária mais privilegiada, praticamente não ficam doentes. É baixíssimo o número de crianças com sintomas de doença embora eles também sejam infectados igualmente. Ou seja, o risco de uma criança ser infectada é a mesma de qualquer adulto ou outra pessoa de qualquer faixa etária só que por vários mecanismos que nós estamos começando a compreender, as crianças não desenvolvem uma doença séria na grande maioria dos casos. Enquanto 10% dos adultos apresentam sintomas mais sérios da doença, outros apresentam sintomas leves ou ausentes, o número de crianças que apresentam sintomas é de apenas 1 a 2%.
A maioria das outras, 98% ou apresentam sintoma muito leve semelhante a um resfriado, uma gripe ou não apresentam nenhum sintoma. Isso acaba sendo confuso porque a gente acha que a criança pode não estar infectada, não está doente, mas está infectando outras pessoas.
Por isso, novamente houve outras mudanças. A criança recebe o vírus, ela consegue eliminar, mas também fica imune ao vírus.
Então, a criança ao desenvolver os sintomas, ela se torna imune. E isso é muito importante em termos comunitários porque havia um certo preconceito que as crianças eram “bombas ambulantes”, ou seja, elas estavam carregando o vírus e dispersando por aí. Isso não é bem verdade, a duração do vírus na criança é igualzinha no adulto 15 a 20 dias. Uma vez que passou a infecção mesmo sem sintomas, ela está imune, etambém não dissemina mais a doença. Isso é muito importante, isso permite que a criança possa conviver com adultos desde que tenha certeza que ela pegou a infecção, que ela tem anticorpos e também mais do que isso, é um importante passo para a liberação de escolas e creches para crianças abaixo de 10 anos. Tanto isso é verdade que a Áustria, a Suíça e Dinamarca quando flexibilizaram a abertura, a primeira coisa que eles fizeram foi justamente a abertura da escola.
Em vários países asiáticos, nem fecharam escolas dessa faixa etária. Fecharam ginásio, secundário e até universidades, mas de crianças pequenas não porque eles perceberam exatamente essa característica, que a criança está imune, não transmite mais que as outras pessoas e, o mais importante eles podem conviver tranquilamente sem ficar mais grave.
Entre animais, ate hoje ainda não foi possível confirmar se animais como gatos e cães transmitem a doença. Morcego sim, nós vimos que o coronavirus vive no morcego e em outros animais, mas em bichos de estimação até hoje não foi confirmado nenhum caso de transmissão através deles. Tampouco foi identificada a possibilidade desses animais serem portadores ou terem infecção. Por enquanto seu cachorro de estimação pode conviver com vocês sem nenhum risco.
E os adultos e pessoas idosas?
Isso não mudou. Essa faixa de pessoas idosas continua sendo a faixa com maior probabilidade de ter a doença grave. Isso por vários motivos. Porque quanto mais velhos ficamos, nossa imunidade cai, nós temos outras doenças – cardíacas, renais, hepáticas – e isso faz com que nós tenhamos possibilidade de ter outras doenças que aumentam o risco de uma evolução muito grave ou até fatal.
Outra característica é que quanto mais velha a pessoa fica, é provável que por causa de alterações da enzima ACE2 quanto mais ativa essa enzima ela facilita a penetração e a entrada do vírus dentro das células. As pessoas mais idosas têm a ACE2 mais funcionante e, com isso, tem uma carga viral maior e portanto, ficam mais doentes além de obviamente terem mais dificuldade em combater.
Então a faixa dos idosos principalmente aqueles que já tem outra morbidade requerem uma atenção especial para que eles não evoluam mal.
É muito importante assim que detectar que a pessoa esta doente, mesmo antes de ter falta de ar, essas pessoas devem receber medicamento o mais precocemente possível para que elas não entrem na 2ª fase em que há a reação inflamatória do próprio corpo.