Quais crianças com COVID ficarão muito doentes?
Por Steven Reinberg
Os cientistas identificaram sintomas que podem predizer a gravidade do COVID-19 em crianças.
De acordo com os pesquisadores, as crianças com doenças respiratórias e aquelas com síndrome inflamatória multissistêmica (uma condição rara, mas grave, associada à COVID-19) têm a doença mais grave.
"Muito da discussão até agora em torno do COVID-19 sugere que as crianças normalmente não sofrem de doenças graves", disse a pesquisadora Dra. Danielle Fernandes, médica assistente na divisão de medicina hospitalar do Children's Hospital em Montefiore, na cidade de Nova York.
"Nosso estudo mostra que crianças com COVID-19, assim como adultos, podem apresentar sintomas que variam de leves a graves e, tragicamente, crianças podem morrer da doença", disse Fernandes em um comunicado ao hospital.
Para o estudo, os pesquisadores analisaram quase 300 crianças hospitalizadas com COVID-19. Metade das crianças apresentava doenças respiratórias com sintomas como tosse, respiração ruidosa, dor de garganta e dificuldade para respirar.
Os outros foram divididos entre crianças com síndrome inflamatória multissistêmica e aquelas com diversos sintomas, incluindo problemas gastrointestinais e febre.
Crianças com síndrome inflamatória multissistêmica eram mais propensas a precisar de cuidados intensivos, mas apenas aquelas com doenças respiratórias morreram de COVID-19, disseram os autores do estudo.
Entre os pacientes com COVID-19 neste estudo, a raça ou etnia não influenciou como as crianças se saíram após a hospitalização, mostraram os resultados.
Os pesquisadores também descobriram:
- Crianças obesas e crianças com baixos níveis de oxigênio eram mais propensas a ter doenças respiratórias graves e exigir cuidados intensivos.
- Uma em cada cinco crianças com doença respiratória grave necessitou de intubação e ventilação mecânica.
- Crianças com leucócitos mais baixos e aquelas com níveis mais altos da proteína C reativa do marcador de inflamação tinham maior probabilidade de apresentar síndrome inflamatória multissistêmica grave.
- Crianças com síndrome inflamatória multissistêmica tinham maior probabilidade de serem negras.
"Esperamos que os profissionais de saúde pediátricos usem esses sinais de alerta para prever quais crianças podem precisar de monitoramento e tratamento aprimorados que podem evitar que fiquem gravemente doentes ou morram", disse Fernandes.
O relatório foi publicado recentemente no Journal of Pediatrics.