Quando a demência prejudica a fala, o idioma nativo é importante.
Por Robert Preidt
Pacientes com demência podem desenvolver problemas distintos de fala e leitura, dependendo do idioma nativo, segundo um novo estudo.
O estudo incluiu 20 pacientes de língua inglesa e 18 de língua italiana com afasia progressiva primária (PPA), um distúrbio neurodegenerativo que afeta áreas de linguagem no cérebro. É frequentemente associado à demência. Os pacientes apresentavam um tipo de PPA caracterizado por dificuldade em produzir ou pronunciar palavras (PPA não fluente).
Embora ambos os grupos de pacientes apresentem níveis semelhantes de degeneração e função cerebral, os falantes de inglês tiveram mais dificuldade em pronunciar palavras - um sinal tradicional de PPA não fluente - e tendiam a falar menos do que o habitual.
Os falantes de italiano tinham menos dificuldades de pronúncia, mas tendiam a produzir frases muito mais curtas e gramaticalmente mais simples, de acordo com o estudo publicado recentemente na revista Neurology.
"Achamos que isso é especificamente porque os grupos consoantes que são tão comuns em inglês representam um desafio para um sistema de planejamento de fala em degeneração", disse a autora sênior Dra. Maria Luisa Gorno-Tempini. Ela é professora da Universidade da Califórnia, no Centro de Memória e Envelhecimento de São Francisco. "Em contraste, o italiano é mais fácil de pronunciar, mas possui uma gramática muito mais complexa, e é assim que os falantes de italiano com PPA tendem a ter problemas", explicou ela em um comunicado de imprensa da universidade.
Os resultados podem melhorar o diagnóstico preciso da APP em pacientes de diferentes culturas, de acordo com os pesquisadores.
Gorno-Tempini observou que os critérios clínicos para diagnosticar distúrbios que afetam o comportamento e a linguagem se baseiam principalmente em estudos de falantes de inglês e culturas ocidentais, o que pode levar a erros de diagnóstico. "É fundamental que os estudos levem em consideração as diferenças de linguagem e cultura ao estudar distúrbios cerebrais que afetam funções cognitivas [mentais] superiores - que sabemos que são impactadas pela cultura, ambiente e experiência", concluiu.